Histórias pra contar #2 edição : Capitulo 2 - Professora
Olá pessoal
Continuamos nossa jornada com as desventuras escritas pelo meu amigo Marcelo, no segundo capítulo temos uma nova história pra contar.
Leia o Capítulo 1 aqui : https://goo.gl/MU26P3 e o capitulo 3 Aqui : https://goo.gl/rnw7uf
Capitulo 2 – Professora
por Marcelo Oliveira
Ouvi dizer: “Foi uma pelega das brabas”, chute,
soco e pescotapa .Voava insulto e cusparada, até a mãe saiu xingada. Tudo isso
por conta do amor. Sim. Eros se deleitava ao ver os corações pequenininhos, tão
amedrontados e impulsivos, um sentimento por si só ambíguo em sua essência,
vide Fedro de Platão em seu discurso à beleza. Que coisa mais estranha. Só de
pensar no que houve naquela semana vocês, de certo, me dariam razão, a festa da
paróquia, Litinho e Pedro de João. As expectativas criam a desgraça desde
pequetucha, a esperança sempre desorienta o norte e só por sorte é que a gente
escapa, mas chega de prosa fiada e vamos direto ao assunto.
Tudo se sucedeu no velório do
defunto, antes de eu me aprochegar descentemente por essas bandas, pois vim
para cá moçoila, de Canafístula, cidadezinha de Alagoas, para viver aqui na
casa de uma tia que carecia de cuidados e também pelo trabalho que me aguardava
na escola, um sonho de criança prestes a se realizar, pois eu iria lecionar ensinando
a cartilha. Era semana santa e nem no espelho nos olhávamos, desemborcava-se
chinelo e não se lavava o cabelo. Proibido assobiar: quem se atrevesse era tido
por pagão, filho de uma munganga, doente das titchelas, crueira besta-fera,
demônio sem coração. Havia-se respeito... Ou medo mesmo! Ninguém queria se
arriscar de ficar em contas sacra com o nosso Salvador: Jesus de Nazaré para
sempre nosso Senhor. Por isso, seu leitor, não estranhe tanto o causo, mas o
defunto era Reginaldo, famoso vereador, que de tão amargurado bebeu logo uns
dez cachetes e partiu daqui pro limbo com o coração desiludido com tanta
falcatrua deixando só um bilhete para a posteridade dizendo não haver saudades
nem remediação para esse mundo cão que atormenta o juízo, mas, perdido em seu
martírio, se lembrou do primogênito. Sim, que lamento, Litinho era seu filho,
mas o coração ferido não resolvia a questão e em meio a confusão entregou-se a
dona morte e eu, infeliz sorte, foi quem se deparou com o falecido e, atônita
gritei, entendendo o sucedido. Que terror.
— SOCORRO, SOCORRO. CHAMEM O DOUTOR!!!!!!!
— SOCORRO, SOCORRO. CHAMEM O DOUTOR!!!!!!!
O corpo debruçado por cima de um bilhete, os olhos abertos opacos e um rosto contorcido em deleite, era manhazinha e estava claro, o sol iluminava tudo. Não havia bagunça no gabinete estava bem organizado, como um dia qualquer num fim de mundo fustigado, visitado pela aurora. Mas a derrota era iminente. Era um clima distorcido, suspenso, aerado, num silêncio destemido que me enchia de tristeza, nunca julguei torpeza, mas sim muita coragem. Pois, esses pensamentos nunca se precipitam no mundo das ideias fazendo o amanhã cedo e o hoje é tarde. Hmm, que bobagem! Quem morre é quem se acaba. Ela tarda, mas não falha, alguns não conseguem esperar. Mas era triste observar, sim, sempre pegamos a sutileza da partida sem despedida e da pergunta sem resposta motivando o famoso: “ Mas por que foi-se embora?” Vai se saber. Uma imagem congelada de uma alma amargurada de tanto errar o alvo... Que perdoem-me o pleonasmo, mas que pecado. Porém antes de prosseguir o causo gostaria de me apresentar. Me chamo Magnólia, professora de história, já escutei muita anedota e agora eu hei de contar.
Continua no próximo capitulo...
Então é isso
Até a próxima
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