Histórias pra contar #5 : Capitulo 5 - Destino

        


        Olá pessoal

    Chegamos ao Capítulo 5 da história de Litinho escrita por Marcelo Oliveira, antes de começar a ler este vai ter os links para conferir os anteriores. Agora teremos um pouco mais de aprofundamento da figura do Dotô Vereador e Catarina, numa cena do passado.

     Links :  

   Capítulo 1 - Litinho : https://goo.gl/MU26P3
   Capítulo 2 - Professora : https://goo.gl/BM9JRm
   Capítulo 3 - O encontro : https://goo.gl/rnw7uf
   Capítulo 4 - confissão  : https://goo.gl/d8sxaq

   



Capítulo 5 -  Destino

— O que você tá lendo ai, caxexa? As bacas de Eurípedes ou o discurso de Fedro à beleza?
— Já disse que eu não gosto desse apelido, Pedro. Por que você insiste em me perturbar, mofino?
— Calma aí, mulher. Oxê! Parece um siri dentro de uma lata. Deixa de ser ingrata! Só queria papear. Diacho! Pra que tanto esculacho?
— Por causo de que tu não tens respeito. E comigo é de outro jeito. Não me venha se engraçar.
— Ora. Paremos de nos molestar e me conte sobre a leitura. É prosa, cordel, romance?  Qualé a literatura?
— É sobre uma história de amor e seus pontos de vista. De uma escritora famosa que tem toda a minha estima. Se chama Francesca Claraluna. Italiana, nascida em Roma. Escreve em prosa, a poetiza, os amores de sua vida e também suas amarguras.
— Veja só que maravilha. Deixe-me dar uma olhada.
— Tome aqui, bonachão, mas deixe de piada.


" Tem uma sacada agradável no meu quarto. De lá eu consigo ver os jardins do fundo de casa com fileiras de flores multidiversas em espécie, tamanho e cor, sem falar dos aromas. Árvores medianas e canteiros de ervas terminam de compor o retrato que vejo.
Estou nua e incrivelmente confortável com a pele branca que me cobre. Tenho uma caneca de café que eu mesma fiz na cozinha lá embaixo e o cheiro acaricia meu nariz daquele jeito que só o café, com sua dança histórica, consegue.
    Na cama, abraçado a dois travesseiros e boa parte do edredom, deita ele. A forma como ele apoia o rosto faz com que a boca se abra levemente e o subir e descer das costas é naquela constância sutil do sono calmo. Uma madeixa caída sobre a testa faz uma curva antes de ser tirada pra dançar pela brisa que entra. Com ela dançam as cortinas e todas as miudezas do quarto.
Tem um jardim pulsando na minha cama, por entre as longas mechas de cabelo dele que escorrem pelos ombros e ganham as costas, por entre as pernas esguias que se cruzam em noventa graus pra abraçar mais abaixo uma parte do travesseiro, por entre as dobras do edredom, nas pontas dos cílios compridos e curvos, através dos pelos grossos da barba cheia, escorrendo pelas curvas dos ossos do quadril, descendo pelas coxas até os joelhos, inundando os pés... "


— Parece a gente, né Catarina?
— Deixe de bestagem, Pedro. Já conversamos sobre... A nossa história é outra e eu lhe prezo a amizade. Por causo de que complicar?
— E eu também lhe prezo, flor. Desde quando o amor nasceu da inimizade?  Não vejo outro jeito de se começar.
— Mas a inimizade pode nascer do amor. E Pedro... Não irá vingar. Creio que você goste da tensão e do que pode acontecer, mas não quero pagar para ver. Há momentos em que quero ser o oposto do que sou e renego tudo dentro de mim. E depois tudo volta a se cristalizar numa constante contradição. Numa fração de segundos eu desfaço e refaço tudo ao meu redor e, principalmente, aqui dentro. E disto eu não abro mão.
—Ô, cão! Que discurso mais fajuta. Queres fazer o certo pelo errado e o errado pelo certo.? Como você sabe o que é melhor para mim e o que irá vingar?
— Eu sei o que é melhor para mim. E prefiro assim deixar.
— Andas lendo muita anedota, caxexa...

      Em meio ao disparate no bar, as palavras da cabrocha passavam pela cabeça de Pedro e isso lhe fervia o cocuruto com a ajuda da cachaça. E nesse estranho tumulto, Litinho e ele, eram separados pelas camisas rasgadas. O sangue a coagular marcava os rostos dos rapazes e as explosões da ira de ambos foram curadas na mesma delegacia. Que presepada. Como que um caboclo maluvido teve a ousadia de se engraçar pela sua amada? A história se amarra nela mesma. Pois foi essa mesma criação do desatino que levou ao conhecimento destes meninos o laço da fraternidade. Sim, meus leitores. O destino gosta de mostrar a sua sagacidade.   


  Continua no próximo capítulo... 

   É isso, pessoal 
   Até a próxima 

  

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