Resenhas 2 cabeças: Manchester a beira mar (2016)
Olá pessoal
Retomando mais uma tradição, temos a volta das resenhas de filmes para esse ano de 2019, com uma mudança de proposta de uma escrita a quatro mãos. Esse texto não vai ser pensado por 2 pessoas por falta de logística mas em Março teremos Your Name com a ajuda de uma amiga que adora o filme, este mês teremos uma resenha do filme de 2016 "Manchester a Beira Mar" que deu o Oscar de Melhor ator para o Casey Affleck,
Resenha:
A jornada de um homem quebrado
por Erick Miyoshi
A primeira vista, o filme "Manchester a beira mar" é mais um drama familiar mas tem algo que te deixa incomodado: o protagonista e sua construção que te faz ter vários sentimentos ao longo da produção, passa da repulsa a empatia com o personagem sem carisma que sempre esta no centro da tela. O que dizer de Lee Chandler(Casey Affleck) que trabalha como faz tudo e a morte do seu irmão faz retornar para sua cidade de origem, lá enfrenta muito mais que um luto, um regresso forçado que apresenta seu sobrinho adolescente e conviver com um lugar que tem uma carga trágica que nenhum homem deveria ter que carregar. A vida cotidiana de alguém que vive para esquecer dos seus próprios demônios e como existem pessoas que de fato não saem do passado, continuam a andar mas sem parte de sua alma e humanidade que ficam na tragédia que habita a sua mente.
O entorno desta família disfuncional tem uma atmosfera misteriosa: um casal de amigos, a vida social do garoto, uma ex mulher com o seu filho, pessoas do passado e figurantes; Lee e o Garoto Patrick(Lucas Hedges) vivem uma trajetória de dor silenciosa que passa pelo modo depressivo que o seu tio toma as atitudes com frieza e automação e a cobrança por uma ligação emocional que não se tem. O longa trabalha todos esses sentimentos sem sair da zona de conforto, o ritmo é lento com tom de repetição para demonstrar que certa monotonia faz parte da vida cinza que se leva em Manchester - Boston, o que leva a construções de choques pessoais quase como pequenas explosões silenciosas de raiva, arrependimento e medo no protagonista que tem que lidar com isso. O sentimento de algo implícito faz que lentamente a história caminhe para o segredo escondido através de momentos até a a chegada da verdade.
Falando da parte mais técnica, é um filme escrito e dirigido por Kenneth Lonergan, a construção de uma cidade fria com uma fotografia com tons em Branco e cinza que significam o clima natural e pessoal que envolve a vida dos moradores. O cenário que se apresenta é a normalidade e o que se esconde por baixo dos panos de falas discretas que a chegada de Lee consegue reviver fantasmas de uma cidade e o momento que não se apresenta mais soluções apenas silenciar o fato notório e público. Isso valeu o Oscar de Melhor Roteiro Original, um trabalho muito interessante do diretor e roteirista.
O filme se passa num clima calmo, retratando momentos comuns para muitos de nós como a vida solitária do protagonista, a juventude típica de Patrick e a preocupação externa de quem vê uma relação complexa. A noção que esta não é uma história dramática de um final feliz, narra um período que coisas aconteceram e que afetou as pessoas envolvidas, levando a decisões que são pragmáticas e que nem todos possam entender.
O longa é um verdadeiro retrato de vida real com decisões reais, aponta as consequências de um homem quebrado pelo álcool, a depressão e a tragédia que não superou os seus problemas. A expectativa de recuperação e o símbolo de uma família unida se desconstrói com os acordos finais que são práticos para amarrar uma jornada de desconfortos e sentimentos conflitantes que envolvem passado e presente simbolizado por crianças.
Confira mais sobre o filme no IMDB: https://www.imdb.com/title/tt4034228/
Assista no Amazon Prime : https://www.amazon.com/dp/B01M3X9T06
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Até a próxima
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