Resenha 2 cabeças: Sequencia BR - O Homem que copiava (2003)

                          Olá pessoal 

                   O tema de hoje é iniciar a sequência de resenha de filmes nacionais até dezembro, serão quatro começando com "O Homem que Copiava" de 2003, dirigido por Jorge Furtado e produzida pela Casa de Cinema Gaúcha em parceria com a Globo Filmes. Momento de início de recuperação de cinema, retratou um roteiro urbano com desenvolvimento de narrativa que apresentava a relação de oportunidade e ascensão social das personagens. 

                  A trama ocorre em Porto Alegre, a partir de dois pontos de vistas que dividiram o filme em duas partes, os protagonistas André (Lázaro Ramos) e Silvia (Leandra Leal) narram suas vidas até o evento chave que leva a narrativa no momento de ação que enfatiza o título. Dentro de cada história temos um elenco de apoio como Cardoso (Pedro Cardoso), Marinês (Luana Piovani) e os vilões Feitosa (Julio Andrade) e Antunes (Carlos Cunha), a participação dos outros monta a linha paralela da realidade das relações familiares, jogo de interesses e os riscos que correm para chegar no final feliz do filme. 

               As camadas que vão se revelando passam por uma narrativa amorosa platônica, uma prática criminosa, um jogo de suspense, uma sequência de ação e um plano miraculoso ao final, uma estrutura que faz a variação de gêneros funcionar para aumentar ou diminuir o ritmo em tela. No primeiro plano, o rapaz apaixonado; No segundo plano aparece a grosseira falsificação de dinheiro; Na terceiro plano, o crime que dá errado e no último, uma longa epopeia para a ascensão social por meios que a sociedade permitia naquele momento. 

               Os personagens são planos no início colocando estereótipos e detalhando o que vamos esperar deles, o talento do roteiro em quebrar as expectativas com reviravoltas ou usando uma visão diferente para explicar as ações que pareciam inocentes. A evolução das personalidades é clara, em busca de sair da estagnação da classe média, o fio condutor é o interesse em se dar bem e como em grupo eles aprendem que tem que ser  mais esperto que seus algozes. 

                  O sucesso na época como as premiações mostram que o motivo da minha escolha é a importância que carrega para uma retomada da indústria com uma produção de qualidade. Tem uma nostalgia envolvida no elenco, atores consagrados ou jovens talentosos; no diretor e roteirista Jorge Furtado que viria ser muito premiado; no fato novo de ser uma narrativa brasileira e local que flui entre os gêneros sem se perder e o reconhecimento de uma geração que rendeu bons filmes até internacionalmente. 

              A questão de atuação é um ponto interessante, Lázaro Ramos se destacou como André e os outros três principais tem um tempo de tela para mostrar o seu potencial como a malandragem do Cardoso, a sensualidade da Marinês e a mulher independente e sonhadora da Silvia. O elenco é curto, uma escolha que bota em rotação dois pontos de vista para o bem e o mal, decisões moralmente erradas ou vingança por uma vida inteira, justificar uma saída para uma situação desconfortável para todos. 

              O filme é uma boa lembrança do começo do avanço técnico, da escalada que poderia ser feita se houvesse apoio para uma produção mais consistente. O Brasil de 2003 é bem distante, uma realidade de menor poder econômico e que a cultura vinha em baixa, de lá para cá são 17 anos que o pais produziu muitas coisas boas sem conseguir emplacar uma indicação ao Oscar mas, com leituras sociais e inovações que valorizam muito o mercado nacional. 

                 Evitar Spoilers de mais de quinze anos é difícil, entretanto é bom para quem tá descobrindo cinema agora e superar o tabu que não se produz bons filmes por aqui. Um drama com roteiro bem escrito que tem boas reviravoltas mesmo com os olhos de hoje, uma qualidade técnica marcada, escolha narrativas interessante e um elenco carismático. Fica a indicação para conferir um bom produto dos anos 2000, premiado e bem pé no chão. 

                   É isso, pessoal 
                   Até a próxima


  

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