FHM #152: O futebol é sobre isso
Olá pessoal
O fim de semana esportivo é um patrimônio do cotidiano, misturou o auge da Europa com o decorrer dos nossos campeonatos com o tom que este título carrega, nós podemos fazer a distinção de níveis de qualidade, entretanto o que temos na essência é que detalhes são importantes e precisam ser narrados em boas crônicas esportivas até hoje.
O Real Madrid foi campeão de novo, pela décima quarta vez neste sábado e o que importa dizer é que mesmo em alto nível, o jogo pode ser decidido por um goleiro em meio ao ataque estrelado dos dois times e com a premissa do bom futebol. Fechar a casinha e contar com a atuação magistral de Courtois é um pouco de Brasil em Paris, para fechar: a bola decisiva sai dos poucos ataques em que Vini JR aparece como pé salvador empurrando e decretando o placar da partida - 1 a 0 - é assim que foi.
O mesmo placar de Paraná x Santo André, o jogo que aconteceu em horário parecido com uma narrativa fantástica em plena serie D do Brasileirão, o time paranista que em meio a quase falência tem uma fase espetacular que contrasta com o péssimo estadual em que foi eliminado antes do mata mata. Longe de craques europeus, o futebol do nível acessível e popular que faz a rotina do torcedor do Estádio das divisões inferiores, de coisas inexplicáveis a qualquer lógica e com o jogador que recebe o mesmo que um executivo de uma grande empresa, sem as mesmas garantias, e assim movimenta o esporte longe do glamour.
O grande destaque, Vinicius JR foi mais um daqueles que tem uma jornada de provação, desde o Flamengo até a Europa, o publico brasileiro tem uma mão a bajulação e na outra a pedra que ataca e nisso desde os 17 sobre pressão e agora após uns anos tem esse papel de herói que só existe por aguentar esse tranco que seleciona o garoto que dá certo, a mesma vidraça quebrada do Neymar (atual referência técnica da seleção) e de outros como Pelé, Denilson, Kaká, que fizeram este caminho onde o astro do Madri tem a glória.
O goleiro tem esse fardo, quando não se faz deus é o culpado, o Belga já foi vilão de eliminações e depois de um tempo tem a redenção, longe de ser o meu goleiro favorito na europa mas, o trabalho foi feito na oportunidade de uma vida, poucos nomes poderão dizer que fecharam o gol na final e deram o título ao seu clube. No inverso a isso temos a lembrança do mesmo jogo a quatro anos em que Karius teve a pior hora para ter um dia tenebroso como na final de 2018 e que essa mancha carregará a carreira inteira.
O futebol é sobre tudo isso acima, cada detalhe seja individual ou coletivo tem a sua própria forma de se contar, o esporte sem memória é apenas circo, não se vive do hoje e sim da conjunção deste passado com o futuro, a função do antigo jornalista/cronista se espalhou no youtuber, influenciador, profissional in loco e nos estúdios porque a múltipla voz do espetáculo fica democrática a quem lê o jornal, o que vai nos sites, o que consome o vlog, o que é clubista, o que houve na rádio pois não tem TV.
O que aconteceu e o fato em si são coisas separadas, existem os que assistem e os outros que consomem a visão de alguém seja para concordar ou xingar, o ponto de contato é que o futebol ser irracional as vezes é uma mágica que faz o torcedor acreditar que seu time é o melhor do mundo disputando a segunda divisão, não é ciência exata e nem tem resposta certa. A narrativa fantástica é o que move paixões, um time horrível campeão da serie B pode fazer uma criança torcer para um time do interior e ter orgulho até morrer.
Saudações a Mario Filho (Da nome ao Maracanã), João Saldanha, Mauro Beting, Milton Neves, Rica Perrone, Bruno Formiga, Daniel Braune. Todos fazem uma longa linhagem sobre falar da bola e somente sobre a bola.
É isso, pessoal
Até a próxima.
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Grato , blog 2 cabeças viajantes