Crônica da semana: O choro dos anônimos no transporte público.

   Olá pessoal

   O texto de hoje é sobre um olhar curioso sobre a invisibilidade e da nossa sensação de solidão, partir do ponto que a nossa convivência na locomoção de uma cidade grande via ônibus e metro é quase como o pedágio diário de sociabilidade, ou seja se vê pessoas como o fato cotidiano. O que sai da linha de normalidade, é o assunto do texto que vamos escrevendo: a sensação que ninguém vai te perguntar o que tá acontecendo, a pessoa que chora porque não dá para segurar e acontece no transporte público voltando para casa. 

   Os episódios que me inspiraram foram o choro desesperado de uma moça no ônibus elétrico há mais de uma década e a moça que recebeu uma noticia triste (eu acho) e as lágrimas correram no rosto entre duas estações no metrô. Um bônus é a história de um amigo que estava triste e chorou no ônibus, copiosamente e todas essas histórias, se somam a quem aproveitou o vazio ou a indiferença para deixar o pranto cair dos olhos porque a emoção fluiu, esse texto é pra exaltar você que já chorou em qualquer viagem para casa, seja lá o motivo e que tá tudo bem. A regra é simples, 90% das pessoas nem sabe o que acontece dentro do vagão ou busão, olhando para a janela, escutando música, jogando ou acompanhado na roda de amigos; Neste cenário, o que são os chorões anônimos do cotidiano. 

    Esse mito de chorar é amostra de fraqueza faz parte dessas bolhas de masculinidade, a incapacidade de desmontar a armadura, conforme o tempo  mostrou como o problema de não saber lidar com a emoção, seja qual for este fluxo de amor, tristeza, felicidade e etc, precisa ser solto as vezes,  o fato que o pranto público é só o extremo disso seja para um homem durão ou da mulher que esta sozinha. O ponto é que se você faz isso sozinho, depois de beber, em público mesmo, todos fazemos parte do mesmo grupo de pessoas com emoção e que vai expressá-la de alguma forma porque é humano. 

    É como tudo na vida, acontece o choro as vezes e nas datas certas faz sentido, o excesso pode ser a característica da pessoa: Chorona ou precisando de terapia. A hora do pranto existe, na partidas e chegadas, na dor ou amor e no final, o problema de pessoa de quem diz que não pode chorar é que nem todo mundo é fortaleza, outros são represa prestes a romper, a incapacidade de mostrar que tá feliz ou triste é um defeito para se lidar. 

   O ponto que eu não falei ainda,  o anonimato é gostoso para quem tem que expressar um choro que não faz sentido para os outros em volta. A razão para cair em lágrimas pode ser um chifre, um término, uma morte, um emprego perdido, a necessidade de ir embora e as positivas como o nascimento de um filho, a volta de alguém sumiu, a cura de alguém, uma conquista e naquele momento, a maioria não vai te falar o que passa na cabeça deles, o anônimo vai sair pela porta e ficar uma história incompleta. 

   Eu vi duas pessoas chorarem no transporte público, eu vi meu amigo chorar de bêbado

   Já sai varias vezes de um lugar com vontade de chorar por diversos motivos, de dor a falta de bateria social. 

    É isso pessoal, choradores anônimos estão por ai, 

    Até a próxima 




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