Resenhas 2 Cabeças: Bem vindos de Novo (2023)

   Olá pessoal 

  O texto de hoje é uma resenha de um documentário lançado recentemente, um filme fora do tipo de filme que trazemos geralmente, entretanto o fato novo é que me pegou de surpresa a temática e o estilo proposto para retratar essa história familiar nipônica. Qualquer informação se for incorporado a outro streaming para mais acesso na internet, atualizo esse post, aproveitem a resenha de "Bem vindo de novo" do diretor Marcos Yoshi.

 Resenha:

             As memórias que nos fazem existir.

    Depois de um tempo de ver o filme no cine debate do dia 15 de outubro na Associação Shizuoka, inclusive contando com a presença do próprio diretor, a sensação que me vem é de uma obra completamente nova e ao mesmo tempo conhecida de estar vendo um retrato da minha própria história enquanto um sansei que sabe pouco dos bastidores familiares seja do lado paterno ou materno, há mais de sete décadas no Brasil. Explicando isso com a noção que é um longa, com a narrativa sobre a relação com seus pais aos olhos de Marcos Yoshi, o diretor, passando pela reconstrução de idas ao Japão, convivência com as irmãs e essa conexão perdida que tenta se refazer no cotidiano.

     A segunda coisa que mais me passa é que por ser um vinculo emotivo, um tema mais universal que a família é impossível. Apesar de ouvir em algumas fala do diretor sobre como os pais deles se tornaram personagens naquelas horas de gravação; Você sabe como são reais, as tensões que aparecem na tela nessas quase duas horas de filme, de como os dramas da família e recontar fatos que estão no cerne da vida de alguém como a necessidade de ir embora e isso tem o preço de abdicar de uma presença física junto aos filhos. Tudo isso te coloca entre sentir tocado pela cena, á empatia natural que se tem quando os elementos te remontam nas suas próprias memórias sobre a dor e a felicidade na sua própria vivência familiar.

     O contexto social de imigração, necessidade de trabalhar no Japão como são os dekasseguis e de uma geração de trabalhadores que tem uma visão de vida operária, além de somar uma releitura de tudo isso dos filhos que ficaram e tem uma relação diferente com pais que não estavam ali para ser referência ao crescer. Temas que não vão apenas com a emoção, e funcionam como os porquês de cada acontecimento, tem o lado de descrever o mundo dos anos 90 até 2020, situações que parecem pessoais no microcosmo e são geracionais.

    O significado maior deste longa-metragem é sobre a vontade do registro do momento e de entender o passado, como no equilíbrio entre os três tempos: Passado, presente e Futuro, os mergulhos nas memórias servem como um bom sustento para a narrativa, as cenas do cotidiano do agora e de pensar sobre o que vai acontecer; No fundo a gente sabe que pode perder a presença de alguém e que noção de futuro aos ver os pais envelhecerem, principalmente tratando de uma busca por conexão com quem fica tanto tempo fora e o redescobrir quem são eles depois de 20 anos.

      Na parte técnica, os takes são curtos e a câmera faz parte do cenário onde as coisas ocorrem em volta com naturalidade, e sim, foi uma gravação onde as pessoas envolvidas sabiam que existia um processo de cinema. Retratar o cotidiano seja o que torna tátil, acessível aos olhos e coração, cada cena que fala de cada momento que se vive para recordar ou mostra que agora acontece um fato novo.

     Cumprindo o papel de comunicar, mostrar e emocionar, porque somos todos humanos, a missão de “bem vindos de novo” é lembrar que no meio de todas as maravilhas do entretenimento contemporâneo, a simplicidade do cinema é contar uma boa história e os personagens são os pais do diretor, claramente que são ficcionais enquanto sabem que a câmera os observa, mas a realidade das conversas e dos problemas que não são uma escolha narrativa, e sim a vida acontecendo a nossa volta; Como diz no bordão: “A vida imita a arte”.

Um bônus:

    No meio do meu desenvolvimento de uma concepção de um texto sobre descendentes e questão racial “Amarela”, um dos poucos filmes que vi na vida que me deram a sensação que uma biografia de um sujeito Branco ou negro causa a seu público alvo.  É difícil definir como o limbo de sentir representado por pessoas na tela, histórias que eu sei que passaram na minha família e que estão tocando pessoas por lembrar um pai, mãe, irmão, avó(ô) enquanto assiste.

     É estranho admitir que por mais que goste de cinema e saber que certos longas que marcaram a minha vida sejam incríveis, este talvez seja a galeria de que eu mostraria a um parente para ver se ele se identifica como eu, talvez chore, talvez conte histórias do passado. A identidade de quem somos e buscamos entender este passado recente, como os protagonistas deste filme são uma representação do que eu vou me lembrar quando ficar mais velho. 

    É isso, pessoal 

    Até a próxima 


 


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