FHM #151: Não tenha medo das SAFs, é o futuro
Olá pessoal
Um tema que tem dado o que falar e que vai render muitas pautas para o futuro, as sociedades anônimas do futebol, conhecidas como SAF aprovadas pela lei14.193/2021 e que regularizou algo que já existiu antes que é o clube- empresa, diferente do modelo presidencial sobre regime de conselheiros que é aplicado na maioria dos times no país. O temor da mídia ou o silencio assustador sobre um novo/velho modo de administrar o futebol, além da visão do amadorismo que costuma reger o esporte mais popular do Brasil, será por isso que estamos ficando para trás.
A situação atual é bem simples, a dependência de uma boa gestão e lidar com as crises financeiras que abateram o Brasil desde o inicio da profissionalização do futebol, a partir dos anos 60: Isso culmina no que estamos vivendo agora com o processo de colapso do time interiorano que vive no gargalo financeiro da falta de cobertura de TV; Ao longo caminho de endividamento por seguidos presidentes que colocaram a dificuldade da venda de um gigante nacional pelas grandes dívidas que se acumulam e enforcam a saúde financeira; Diante da falta da grana para o pequeno e o grande, a falta de controle sobre poder de segurar a qualidade dos craques para melhorar a imagem do Campeonato Brasileiro lá fora, assim colocando ao papel secundário de revelar, mas não poder aproveitar o talento do jogador nos nossos gramados.
O fato é que se o aporte estrangeiro te incomoda, nenhum clube-empresa vai se recusar ser comprado por um empresário brasileiro e resistir por acreditar na nostalgia do amador é um delírio. Há inúmeros motivos pelo qual se rebelem contra a saída mágica deste século no esporte, a SAF sendo questionada revela o medo da aventura financeira e da mudança radical, entretanto o fato de ser lei e com regulamentação jurídica torna um processo que vale apena ser explorado na tentativa de reformular clubes com prática profissionais de mercado sem medo de retaliação da política interna e torcida, novas fontes de rendas e maior capacidade de construção de bons elencos. Sua opinião contrária a instituição destas gestões profissionais é democrática, por favor se baseie na razão e em fatos que justifique sua crítica, afinal ruim é o clube quebrado que não pode pagar suas dívidas.
Um elemento que pode ser usado é a imagem do milionário maluco que faz promessas incríveis e depois some com o investimento se o time for mal, no entanto o risco é igual na Ásia, Europa ou América latina. Temos o dono anterior do Newcastle United que foi um desses erros, Mike Ashley parou de investir e revendeu o clube, o que deve ser avaliado é que quem faz busca de investidor tem que ser responsável em avaliar o perfil da pessoa, quanta grana ela vai investir, para evitar charlatões e aventureiros. Por isso o fator de ser a XP, KPMG e outras que entrarem no mercado tem a função de profissionalizar a chegada do novo dono, afinal se constrói o projeto e se faz negociação por meses até o início da compra da porcentagem do futebol.
O futuro assusta, mas calma que primeiro virão os desesperados e depois com o tempo a escolha vai ser política e financeira com o uso da cabeça. A SAF não é uma onda que vai afetar todos os times do Brasil, neste primeiro momento a tendência é que os mais endividados ou projetos mais novos, como toda novidade terá um tempo para se estabelecer ou não, logo após no meio do processo teremos os outros que se sentirem confortáveis apostaram suas fichas na mudança e outros que vão se manter fieis ao clube social sem fins lucrativos. Cairá numa proporção justa de 3,4 clubes em cada 10, não fará maioria, pois no mercado externo existem perfis específicos de times que são comprados e outros que não tem o interesse, exemplificando temos os formadores que são pequenos e utilizados para desenvolver talentos para outros times do mesmo grupo empresarial como o Grupo City; Os novos ricos como o PSG e Chelsea que se busca resultado esportivo; os restauradores como o caso de Botafogo e Cruzeiro que buscam reabilitação financeira e posterior sucesso em campo; Além disso há outras propostas quando se adquire um clube que variam com o pensamento do dono ou grupo financeiro.
Um fato que passa batido é que timaços do passado e presente tiveram marca da gestão de empresas: Parmalat, Crefisa, Unimed, MSI e etc. O clube empresa anterior a lei de 2021 se caracterizava pela junção de uma diretoria com uma patrocinadora que se predisponha a ser parceira forte e que dividia as cabeças mesmo que de forma extra oficial. Neste caso duas eras do Palmeiras, uma do timão e uma do Fluminense são momentos vitoriosos dos times que se esquece que a grana não vinha do clube e estas empresas lucraram bastante com essas operações. O contraponto é que a partida destas mesmas sempre causou as piores crises financeiras e que culminaram em rebaixamentos, a exceção da Crefisa que deixara o clube mais forte do quando chegou.
O começo dos anúncios de processo de SAF reverberou que desde o Cuíaba, América MG que nem tem propostas oficiais e já tem regularização da empresa, surgiram as especulações como o Bahia, São Paulo, Londrina, Santa Cruz e virão mais. É como um trem em movimento que não vai parar de circular, é uma solução que alguns enxergam, outros não, esse caminho é longo com um tom de abdicação afinal o presidente deixa de ter poder, conselheiro só manda no clube social e o destino fica na mão de outras pessoas.
No final do processo é sobre dinheiro, se existisse uma maneira de ter um aporte sem vender o departamento de futebol, essa seria a formula mágica, porém não existe ainda. Aos sobreviventes e ricos que não precisam de uma boa proposta nacional ou internacional, uma boa sorte, pois é com as outras SAFs que eles vão competir, não apenas por terem donos, e sim por fazerem decisões de mercado mais acertadas para manter fluxo de caixa, isso é o esperado. Bragantino é o exemplo em SP(apesar de ser regido em modelo diferente pois surgiu em 2007 e comprou o time 2019), Bota e Vasco no Rio, Cruzeiro,América em Minas Gerais, Bahia e uma numerosa lista em busca por investidores; Assim é o movimento que nós vamos naturalizar, para bem e para mal temos necessidades e compradores que vão mudar a dinâmica de competição a partir de clubes com mais dinheiro, veremos as falhas e os sucessos ligados a isso.
É isso, pessoal
Até a próxima.
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