Coluna Amarela #8: Japonês urbano e rural
Olá pessoal
O tema de hoje é marcar bem duas identidades que podem ter pesos diferentes sobre a mentalidade familiar, construir um legado que pode ser mais ou menos libertador e questionar que em termos de assimilação, talvez enfrentemos a segunda e mais dura que é a aceitação do descendente que não vai ser encaixado dentro de uma caixa tão facilmente. O modo como a pluralidade vai ser um fator como o povo amarelo, brasileiro asiático entrou no processo de diversidade, mudanças econômicas e questionamento do próprio estereótipo como parte da chegada das dinâmicas do século 21.
O conceito de caipira define muito do que se pode imaginar do primeiro momento de um trabalhador que criou raízes nessa terra, afinal a prática de agricultura em terreno duro e a necessidade de fazer um caminho de subsistência refletiu a crise no Japão de poucas terras férteis e da expansão da população que foi para áreas interioranas. Quer dizer que a promessa de terra e oportunidade define bem a ilusão criada e depois a forma de pensar sobre a desconfiança que existe da comunidade criada aqui, sobre promessas de homens brancos que foram quebradas e a proteção devido aos ataques xenofóbicos da época da Segunda Grande guerra.
Pensar para depois no fim do século 20 e começo do próximo é entender que a urbanização e a migração pensada já nos moldes do trabalhador urbano que refletiu e ainda se mantém da ideia de empresas familiares ou com mesmo espírito. O novo asiático brasileiro nasceu na forma de um trabalhador desejado e que pode se livrar das obrigações de trabalhar dentro de um círculo fechado, ampliando sua participação em mais setores da sociedade, isso inclui ainda lidar com os velhos fantasmas do passado do campo, da fábrica e até do serviço informal: a questão da docilidade, da falta de malandragem e da eterna impressão que o Japonês não vai falhar em ser produtivo.
A questão do comparativo que coloca tantas áreas cinzas sobre como se espera e o que de fato surge da imersão cultural do sujeito que aqui entende a exploração como algo a questionar. O desenvolvimento que fez os agricultores donos de suas próprias terras, abrindo seus próprios negócios e que o perfil do oriental descendente pode ser visto como mais de um sobrevivente que abraça a sua cultura de origem mas adquiriu outras habilidades como a organização frente a uma classe patronal que se acostumou a escravidão.
O que nos leva ao clímax deste texto que é para sentido de identidade e de manter as bases que nos construíram como coletivo de 2 milhões de asiáticos brasileiros, tem muito mais escondido sobre a construção de sujeitos que se adaptaram apesar da rigidez do imaginário sobre um filho de trabalhador Japonês. A hierarquia militarizadora que comanda a relação não existe aqui, pode se exigir disciplina mas o apego a ordem, a valorização da educação e as heranças dos antepassados somam um vínculo que não se quebra, a questão é que os jovens descendentes tem vida, rebeldia, vontade de quebrar certas barreiras e isso faz parte do lanço como termo “segunda assimilação” que é este sujeito que pode e deve se ver como mais que um trabalhador, uma pessoa que cresceu em um país que permite liberdade de sexualidade, crença religiosa e de escolha de caminho que nos difere da pressão de uma sociedade quadrada como o Japão do passado e do presente.
É isso, pessoal
Até a próxima.
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Grato , blog 2 cabeças viajantes